terça-feira, abril 07, 2009

Ano III, Número 116

EDIÇÃO ESPECIAL - GRE-NAL 376
(crédito da foto: Site do Sport Club Internacional)



A OPÇÃO PELA CRISE


A grande vantagem de se escrever na terça-feira é a diminuição dos efeitos da emoção na análise dos acontecimentos de domingo. Fosse escrita no dia, e esta coluna corria o sério risco de faltar com o devido respeito às pessoas que comandam o Grêmio. Hoje, mais calmo, é possível criticar duramente a maneira como vem sendo conduzida a administração do clube sem cruzar a linha que separa a crítica objetiva das ofensas pessoais. Como se vê, o meu estado anímico não era dos melhores durante o final-de-semana.

O Espírito de Revanchismo
Dito isso, passemos diretamente ao que interessa. Após três meses do início da Administração Duda Kroeff, alguns sinais de como o clube está sendo gerido são bastante claros. O primeiro deles é o de ruptura com a administração anterior. Não que Odone não se caracterize pela construção de inimizades, o que o mantém responsável pelo que acontece, mas nitidamente colocou-se o desejo de vingança sobre os interesses do clube.

As saídas de Odone e Antonini da Grêmio Empreendimentos foi o primeiro sinal de que há problemas sérios de relacionamento dentro do clube. A ascensão de Preis à presidência da empresa responsável pela concretização do novo estádio, bem como a demissão de Rodrigo Caetano do Departamento de Futebol, foram reflexos de que a primeira preocupação da nova gestão era quebrar qualquer vínculo com a anterior e mostrar que Odone não tinha qualquer ingerência sobre os assuntos do clube. Ora, isso é, sim, colocar vaidades pessoais sobre os interesses maiores do clube. E qualquer atitude nessa direção é prejudicial ao Grêmio, além de ser duvidoso o benefício que traz às pessoas que estão no comando atualmente.

No Grêmio, onde as coisas costumavam resolver-se na base do acordo, desde há muito tempo vê-se que a vaidade está no comando. Imaginava-se –eu, pelo menos– que Duda pudesse trazer alguma mudança nesse cenário, pelo seu estilo calmo e agregador, e pela equipe que o apóia no Conselho de Administração. Contudo, acabou por ser escanteado pelo denominado G6 (união dos seis movimentos políticos da chapa do Duda), seja por opção ou por ter perdido a queda-de-braço. Não tenho informações suficientes para saber. Ainda não está claro como as coisas se seguirão adiante, mas o início não foi nada promissor.

O Futebol e a “Gestão de Arquibancada”: a saída de Roth
Na eleição, o sócio do Grêmio elegeu Duda Kroeff. No entanto, quem manda no futebol do clube, hoje, são corneteiros e jornalistas. Eram esses que pediam a cabeça do treinador numa bandeja de prata, e encontraram na direção o apoio necessário para fomentar uma crise artificial. Faltava apenas um bom motivo para demiti-lo e só o haveria, caso o clube entrasse numa crise que demandasse mudanças radicais. E assim foi feito.

É possível que tal já fosse a intenção de certos membros da diretoria (mais revanchismo contra Odone?), mas desde a derrota para o Internacional em Erechim, é que começou-se a cogitar seriamente a mudança de treinador pela diretoria. Foi exatamente a partir desse jogo, que a direção passou a omitir-se contra qualquer crítica que pudesse direta ou indiretamente atingir o treinador. Protestos nas arquibancadas e nos meios-de-comunicação tornaram-se constantes. No entanto, a direção nada fazia para defender seu funcionário e seu planejamento para a temporada. O silêncio na Azenha ajudava a pressão sobre o treinador e o time aumentar ainda mais.

Foi após derrota no segundo Gre-Nal, na final da TFC, que a direção decidiu não ser Roth o treinador ideal. Roth não sabia, mas viajou demitido à Tunja; como havia viajado demitido à São Paulo no ano passado, sob a direção do mesmo Krieger. Contudo, a vitória e o bom jogo tornaram sua saída impossível. Pelo menos, por ora. Como a Libertadores estava encaminhada, restava apenas o Gauchão como “esperança” para a demissão. Note-se que a idéia, aqui, era não repetir o que houve com Mancini, demitido sem razão aparente. A intenção era forçar uma situação em que a saída do Roth servisse como “boi de piranha”. Assim, um campeonato que deveria ser deixado de lado, tornou-se o mais importante de repente.

A direção via nisso uma situação em que, no seu entender, era impossível perder. Vencendo a TFK, a crise pararia pelos resultados de campo. Iriam para as finais do Gauchão extremamente motivados, convictos de que venceriam o Internacional (só esqueceram de avisar ao adversário, claro). Perdendo a TFK, a crise pararia pela despedida do Roth, entregue aos corneteiros e jornalistas como uma oferenda, um sacrifício de paz. E chegaria um treinador novo, que teria como missão levar o time ao título da Libertadores (só esqueceram de avisar os outros times, evidentemente).

É por isso que a direção não titubeou em exigir que os titulares jogassem no domingo. Nisso há, também, um total descaso com o time do Aurora. Acham que podem vencer os bolivianos onde, quando e como quiserem. Criaram a crise, na certeza de que basta uma vitória sobre o Aurora e o anúncio do Renato Portaluppi para que haja tranqüilidade. Arriscaram a temporada inteira para ficar de bem com corneteiros e jornalistas. Todavia, o sucesso do plano depende de uma vitória hoje, depende de um time cansado e destroçado animicamente.

O torcedor acha que verá um time solto, livre das amarras de um “perdedor nato”, de um “mal-humorado”, de um “incompetente”. Imagina um “passeio” sobre um “timeco de várzea”. E nem poderia ser diferente, porque é exatamente esse o pacote oferecido pela direção do clube e pelos jornalistas. O futebol, no entanto, é um esporte traiçoeiro. E tudo pode ir por “água a baixo” em 90 minutos.

Por fim, nem uma vitória hoje garante nossa classificação. A crise artificialmente criada pela direção não está sanada. Uma eliminação precoce na Libertadores e os questionamentos recomeçarão com toda a força. É o preço a pagar por administrar clube tentando agradar corneteiros e jornalistas. Há uma velha lição de Fábio Koff, aprendida por Fernando Carvalho, mas que parece ter sido esquecida no Olímpico: dirigente não pode ser torcedor. É bom que Duda compreenda isso rápido, sob pena de sua gestão ser mais um exemplo de fracasso. Até agora, caminha exatamente para isso.

“Se Gre-Nal arruma a casa, o Beira-Rio é um ‘show room’” (Ibsen Pinheiro)
O aniversário de cem anos do co-irmão foi no sábado e a ala gremista do Mundo Esportivo não havia ainda registrado a homenagem. O equívoco tenta-se corrigir agora. A frase acima é um bom começo. Trata-se de declaração do Ibsen após uma vitória em clássico entre as temporadas de 2003 e de 2004 (coincidência?) e retrata bem como estão as relações de força no futebol da cidade atualmente.


Para completar a linda –e foi mesmo– festa só faltava, mesmo, a presença do Grêmio. E nós mesmos tratamos de aparecer, mesmo sem sermos convidados. E como bom “peru”, demos um vexame que só abrilhantou ainda mais os festejos. Assim, toda a alegria colorada é merecida, e deve ser encarada por todo gremista com muito respeito e um pouco de inveja. Desde que o Internacional passou a tratar o futebol com seriedade, com planejamento baseado na realidade, a distância entre os dois clubes aumenta a cada temporada.

Como a gestão Duda parece ter-se mostrado, por enquanto, devota ao “pensamento mágico”, à “imortalidade tricolor”, como lição, e em homenagem ao centenário do co-irmão, deixo o seguinte pensamento, a melhor e mais merecida flauta da semana:

“O Grêmio ser imortal faz dele um freguês eterno!”

Falando sério, se o Grêmio é imortal, paciência tem limites. É melhor pararmos de sonhar e botar os pés no chão. Caso contrário, essa Era Colorada, iniciada em 2003, demorará para acabar.

Por fim, meus cumprimentos ao Sport Club Internacional, rival de tantos anos, o melhor adversário que um gremista poderia desejar, campeão de (quase) tudo. Um clube tão centenário, tão gigante, tão imortal quanto o Grêmio.

Brindemos por cem anos mais!

Saudações centenárias,
Paulo Roberto Tellechea Sanchotene – sancho.brasil@gmail.com



BRILHO COLORADO

Nunca tive tanta dificuldade ao iniciar uma coluna. A maré está tão boa para o INTERNACIONAL, foram tantas alegrias, tanta coisa boa acontecendo na última semana, que tenho dificuldades imensas para escrever. É, a vida é assim; dizem, inclusive, que os grandes poetas e romancistas tiram sua inspiração da dor. Pois bem, o fato é que tenho severas dificuldades em redigir esta coluna. Sexta-feira tivemos uma caminhada com a presença de mais de 30 mil Colorados pelas ruas de Porto Alegre; missa na Catedral da Praça da Matriz com queima de fogos inesquecível; a meia noite (ou zero horas, se preferirem), no limiar de nosso centenário, a Capital (e todo Rio Grande) exaltou os 100 anos de Glórias. Colorados pelos quatro cantos do mundo, tenho certeza, entoaram, de uma forma ou outra, nosso hino. Que venham mais cem anos e que em todas as plagas distantes, repleto de feitos relevantes, sigamos a brilhar.

SENDA DE VITÓRIAS I

Tenho mais de 20 anos de presença constante do Beira-Rio e de rotina Colorada diária. Acompanhei várias fases do INTERNACIONAL, muitos clássicos gNAIS, muitas vitórias e muitas derrotas. Mas nunca vivenciei uma fase de tamanha superioridade em clássicos como esta que o torcedor do INTERNACIONAL está vivenciando agora. Nossas quatro vitórias consecutivas não servem apenas para ampliar a estatística que nos é amplamente favorável. Com aquele 4x1 implacável do ano passado, inauguramos uma Era de superioridade inquestionável contra a turma da azenha.

SENDA DE VITÓRIAS II

O clássico do último domingo foi marcante. Embora a vizinhança tenha tido três ótimas oportunidades de marcar, todas elas nasceram de bolas paradas. No mais, só deu INTERNACIONAL; o domínio das ações foi total. Nosso meio campo foi soberano e controlou todas as ações (gostei demais da atuação de Magrão na primeira etapa). Guiñazu foi o monstro de sempre (esse gringo, já disse aqui, é um extraterrestre). Sandro já não é mais uma promessa do Celeiro, está dando conta do recado e mostrando como deve jogar um cabeça de área. No setor criativo, Andrezinho foi razoável e D´Alessandro entrou em seu lugar para mostrar o quão importanto é o toque de qualidade numa equipe. O lance que originou o gol de Índio foi mágico, magistral, espetacular; não há adjetivos para defini-lo com perfeição: valeu o ingresso!

SENDA DE VITÓRIAS III

Mas acima de tudo quero exaltar um ponto específico. A senda de vitórias que estamos assistindo guarda muita relação com um grupo vencedor e talhado a jogar partidas decisivas e importantes. Índio, Magrão, D´Alessandro e Nilmar são típicos homens gNAIS que já incluíram seus nomes na história do clássico com lances e, especialmente, gols que decidiram os combates. Nessa edição, Magrão fez uma primeira etapa perfeita, com muita participação, combate e criatividade; Nilmar passou em branco, mas foi perigo constante, Índio fez o gol da vitória e D´Alessandro, bom, D´Alessandro foi o nome que mudou a história do clássico, um lance que, repito, não cabe dentro de adjetivos.

O CACIQUE ÍNDIO

Índio completou 200 jogos com a camisa do INTERNACIONAL, marcou seu 5º gol em clássicos e, de quebra, igualou Don Elias Figueroa em número de gols anotados pelo clube. De zagueiro mediado se transformou num dos melhores e mais valorizados defensores do Brasil. Dentro do Beira-Rio, sem dúvida, é um dos atletas mais respeitados. A meu ver, já superou ícones da posição como Aloísio, Célio Silva e o próprio Lúcio. Vida longa a nosso cacique!

RAPIDAS

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BEIRA-RIO foi a casa do Brasil na semana passada.

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O nosso GIGANTE completou 40 anos e está cada dia mais bonito (clique aqui para acessar fotos).

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festejos do centenário ficaram ainda mais lindos com as presenças de Renata Fan e Luise Altenhoffen.

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“Mas é meio improvável que ocorra clássico já nas quartas. Só se levarmos 4x0 do Caxias e o jogo entre Ypiranga X ULBRA não terminar empatado.” (última coluna da vizinhança já denunciava o medo de nos enfrentar).

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Enquanto o portoalegrense apanhou de QUATRO para o Caxias, a Argentina levou um chocolate de 6x1 da Bolívia... A turma de "alma castilhana" ficou arrasada.

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Portoalegrense E-LI-MI-NA-DO da Taça F. Koff nas quartas-de-final.

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Humilhação vizinho ?

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100 ANOS NA PRIMEIRA DIVISÃO... VITÓRIA EM CLÁSSICO gNAL ELIMINANDO-OS DO GAUCHÃO. Tchê, o que mais posso querer ?!

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Como diz um grande Colorado que conheço: "tá ficando chato torcer para o INTERNACIONAL!".

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Saudações rubras, do DONO DA ALDEIA (*38), CAMPEÃO DE TUDO e SEMPRE NA PRIMEIRA DIVISÃO.

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Luiz Portinho – lcportinho@yahoo.com.br

3 comentários:

DJ Aldebaran disse...

Sancho, mais uma vez parabéns pela coluna. Mesmo nós tendo ideias bem distintas quanto às coisas no GRÊMIO, é bom que tu ocupe de vez em quando o espaço aqui no BloGreNal, pra que ele não fique tanto 'sob a ótica da corneta' que eu escrevo. Só discordo da utilização da cor vermelha, que pra mim, não deveria ser usada jamais no espaço gremista, nem como forma de homenagem.

San Tell d'Euskadi disse...

Não é homenagem. Eu só uso vermelho em protesto.

Luiz Portinho disse...

pô aldebaran, até violeta já usaste tchê!!!

a coluna do Sancho está ótima; ponderada e, como sempre, em texto claro e corretíssimo. de fato, acho que o Duda esse aí tá acreditando que a "imortalidade" ganha taça.